Mesa - D. Orani João Tempesta, D. Dimas Lara Barbosa, Pe. Manangão, Profª. Ana Paula Miranda e Prof. Jorge da Silva.
Convidados – Coordenações da Campanha da Fraternidade a nível Vicarial e Forâneo e outras lideranças católicas.
Objetivos: Apresentar a Síntese da Conferência Livre da Arquidiocese do Rio de Janeiro e Comentar o Descaminho da Política de Enfrentamento da Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, nos últimos 10 anos.
Prof.ª Ana Paula-Balanço sobre a criminalidade violenta no RJ nos últimos 10 anos:
"Para analisar a violência que é explicitada em n°s, temos que saber a dimensão que estes representam. Ao compará-los com o nº de habitantes um local conhecido como: bairros, municípios ou cidades, temos melhores condições de enxergar o problema.
Mais de 80.000 mil pessoas morreram no Estado do RJ nos últimos anos. Esse n° pode ser comparado ao n° de mortos em guerra.
O resultado da política de enfrentamento, no período e local analisados, foi um Índice cinco vezes maior que o tolerado pela ONU, ou seja, um Índice de 50 mortes/1000 pessoas, quando o índice tolerado pela ONU é de 10 mortes/1000 pessoas.
O tipo de crime que mais tem aumentado é o de desaparecimento de pessoas, sendo as vítimas prioritárias os pobres e negros. O n° de desaparecidos foi de 50.000, número maior que o n° encontrado em mais de 90 países.
Comparando o n° de homicídios e de presos durante o período analisado, verificamos que início a relação era de 1 homicídio para 50 presos e que hoje essa relação é de 1 homicídio para 15 presos. Essa mudança significa que a polícia passou a matar ao invés de prender?
As chacinas ocorreram nos locais onde se instalaram as milícias: zonas Oeste e Norte da cidade, Baixada Fluminense, Região dos Lagos e Norte do Estado.
“O trabalho investigativo possibilita o extermínio das chacinas com a ação de poucas pessoas”.
O n° de mortes de policiais é muito grande, não apenas devido à política de enfrentamento, mas também devido à falta de estrutura para realização de seu trabalho".
Prof. Jorge Silva –
"O governo fará uma Conferência de Segurança Pública Nacional, mas no programa apresentado não constam os Direitos Humanos.
Na Conferência Estadual não foi abordado nenhum dos itens apontados pelas Conferências Livres realizadas nos Vicariatos da Arquidiocese do RJ.
Tanto para a Conferência Estadual como para a Federal a Igreja recebeu convite para participar dos trabalhos, sem direito de voto".
Reflexão:
"Como acabar com os discursos que dizem ser boa a política do confronto armado?
Não há balas perdidas no RJ, todas têm destino certo: o extermínio dos jovens das comunidades carentes. Balas perdidas são as que não acertam o alvo pretendido.
Querem implantar uma paz pela força e pelo medo (paz negativa). A paz se faz através da atitude e do bom relacionamento entre as pessoas (paz positiva).
O nosso posicionamento é cristão?"
Comentários / Perguntas / Respostas
Papel da Mídia –
"A Mídia colabora para a Banalização das Mortes.
A mídia é desrespeitosa nas suas matérias e fotos.
O problema da mídia é a seletividade: Copacabana, Leblon e Barra. Discriminar é errado".
Questão Moral –"Não conseguimos mais acreditar na polícia, a questão é moral. O exemplo dado pelos de cima faz com que a falta de moral cresça.
Tudo depende da vontade política. As soluções não virão de cima para baixo. Há necessidade da atuação do povo. “Ficha limpa é uma ação”.
Individualismo –"O individualismo mata qualquer iniciativa. Devemos nos reunir e formar grupos de trabalho e dar continuidade aos mesmos.
A Campanha da Fraternidade não deve se limitar ao período quaresmal. O tema não pode cair no esquecimento, a Igreja deve ser atuante, realizando encontros frequentes para colaborar com a sociedade".
Mediação –"A mediação de conflitos não existe quando a política é a do enfrentamento. Não há outra opção: é matar ou morrer. A quem interessa esse cenário incômodo que foi apresentado?Não tem muita gente ganhando muito com isso?"
Medo –"Há dificuldade de mobilização e participação devido ao medo. É freqüente ouvirmos alguém pedir para mudar de assunto porque não quer sofrer. O medo nos aprisiona e nos deixa anestesiados. É necessário superá-lo, mesmo sendo difícil, já que a única saída é lidar com a dor para acabar com ela".
Papel do Cristão –"Devemos atuar conforme as sugestões do Texto-Base da Campanha da Fraternidade no item AGIR. Enquanto o Cristão não se voltar para o que a Igreja orienta, quem irá se voltar? A Doutrina Social da Igreja representa a Igreja e a Sociedade na luta pela dignidade do indivíduo".
Conclusão- “A Arquidiocese não pode compactuar com a forma que a Conferência Nacional está sendo conduzida. Deve manifestar explicitamente às autoridades o descontentamento pelo tratamento dado ao tema no Estado do RJ e sua preocupação com a abordagem do tema na Conferência de Segurança Pública Nacional”.
Dom Dimas Lara Barbosa.
Colaboração: Solange Sá. Fotos: Waldéa.
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