O Rio de Janeiro sofre com a maior tragédia climática já registrada no país. Até as 19h dessa sexta-feira, dia 14 de janeiro, na Região Serrana do estado, contabilizava-se um total de 540 mortos. As vítimas fatais são moradores dos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Teresópolis e Sumidouro. O número de desabrigados já ultrapassa 10 mil, e a busca por desaparecidos ainda está em andamento, o que pode elevar esse número ainda mais.
Assim que as primeiras notícias da tragédia chegaram através dos meios de comunicação, a Igreja se mobilizou. Dom Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, e Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo de Nova Friburgo, percorreram as áreas atingidas. Padres, seminaristas e religiosos estão trabalhando no atendimento às famílias desabrigadas ou desalojadas. As paróquias e casas religiosas estão recebendo as famílias que perderam tudo e não têm onde dormir e como se alimentar. Também se transformaram em postos de arrecadação de donativos.
Segundo Dom Filippo, os seminaristas da Diocese de Petrópolis passaram o dia 13 doando sangue para o atendimento emergencial dos feridos mais graves. Foi aberta também uma conta chamada “SOS Serra”, no Bradesco – agência 4014, conta 114134-1 – da mitra diocesana.
– A situação na Diocese de Petrópolis é dramática, sobretudo nos dois focos da própria cidade de Petrópolis, em particular Itaipava, no Vale de Cuiabá, e em Teresópolis, onde o desastre é ainda maior. Os padres estão todos mobilizados, as igrejas estão à disposição, recolhendo desabrigados em primeiro lugar, dando primeiros socorros, as refeições diárias e recolhendo mantimentos, ressaltou Dom Filippo Santoro.
Dom Edney Gouvêa Mattoso, bispo diocesano de Nova Friburgo, após sobrevoar as áreas afetadas, manifestou seu pesar diante da tragédia que se abateu sobre o município onde está localizada a sede episcopal, que também está interditada, e acionou toda a igreja diocesana para atuar na ajuda às vítimas. Ele montou uma central de atendimentos na Catedral de Nova Friburgo para atender a população. As paróquias estão abrigando famílias que perderam as suas casas e voluntários preparam a alimentação dos desabrigados.
– Quero dizer que, além de oferecer orações em favor do nosso povo tão duramente atingido pelas chuvas, convoco todas as paróquias a prestarem socorro às vítimas e desabrigados. Uno-me às famílias que perderam seus entes queridos. A Igreja diocesana quer estar junto com os órgãos governamentais, num verdadeiro mutirão de solidariedade, com o objetivo de confortar espiritual e materialmente todos os atingidos, disse Dom Edney.
Arquidiocese do Rio mobilizada
As dioceses vizinhas, que fazem parte do Regional Leste 1 da CNBB, logo se mobilizaram em apoio à população.
A Arquidiocese do Rio, de imediato, colocou a Cáritas Arquidiocesana em prontidão. Do fundo de emergência da entidade já foram doados R$ 20 mil a diocese de Petrópolis e R$ 20 mil a diocese de Nova Friburgo. Além disso, a Cáritas Rio já enviou caminhões de donativos para as áreas mais atingidas, contendo mais de 20 mil litros de água, uma tonelada de roupas e alimentos.
A Cáritas Rio de Janeiro também disponibilizou duas contas para arrecadar doações em espécie: uma no Banco Bradesco – agência 0814-1, conta 48.500-4 – e outra no Banco do Brasil – agência 3114-4, conta 30000-4.
As igrejas e instituições de ensino da Arquidiocese do Rio estão mobilizadas para arrecadação de donativos. O principal posto de coleta é a Catedral de São Sebastião, no Centro, onde funciona a sede da Cáritas (Avenida Chile, 245 – Centro). Estão sendo arrecadados roupas, colchonetes, água e alimentos não perecíveis.
O arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, que percorre toda a cidade do Rio de Janeiro com a imagem peregrina de São Sebastião, em solidariedade às vítimas, mudou o enfoque da Trezena em honra ao padroeiro da Arquidiocese. Adotando o slogan “São Sebastião nos convoca à solidariedade”, junto aos carros do comboio que acompanha a imagem, inseriu um novo veículo, que recolherá donativos em diversos pontos do Rio que serão, posteriormente, levados às regiões atingidas.
– A nossa carreata de São Sebastião Mensageiro da Paz transformou-se na carreata da solidariedade. Além de sabermos que temos que tomar atitudes concretas para que a paz reine nos corações, nas vidas, nas famílias, também temos que tomar atitudes concretas em relação aos acontecimentos que fizeram sofrer tantas pessoas e famílias em nosso estado do Rio de Janeiro, especialmente nas cidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis, com o distrito de Itaipava, disse Dom Orani.
Solidariedade da Igreja no Brasil
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota oficial de solidariedade às vítimas da tragédia. Juntamente com a Cáritas Brasileira, a Conferência lançou a campanha “SOS SUDESTE”, com o objetivo de arrecadar dinheiro em todo o Brasil, que será doado às regiões atingidas pelas chuvas. Há duas contas destinadas a esse fim: Caixa Econônica Federal – agência 1041-OP.003, conta corrente 1490-8 –, e Banco do Brasil – agência 3475-4, conta 32.000-5.
O Trabalho da Cáritas Brasileira está sendo realizado com o apoio da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, que é o canal de entrega dos donativos. O presidente da Cáritas Brasileira, Dom Demétrio Valentini, sugeriu que, no dia 30 de janeiro, todas as dioceses do país façam uma coleta em favor das vítimas das chuvas.
A Arquidiocese de São Paulo é outra igreja particular mobilizada na ajuda às vítimas. O cardeal arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer, através da Cáritas São Paulo, iniciou no dia 13 de janeiro a campanha “Apelo à solidariedade em favor das vítimas da catástrofe na Região Serrana do Rio de Janeiro”. Foi disponibilizada para tanto uma conta no Banco Itaú – agência 7657, conta 10.834-1.
Necessidades imediatas
Além de doações em espécie, essenciais para compra de materiais emergenciais, muitas são as necessidades da população atingida. Após visitarem as regiões mais atingidas, tanto o bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Filippo Santoro, quanto o bispo da Diocese de Nova Friburgo, Dom Edney Mattoso, afirmaram que a maior necessidade dos desabrigados ou desalojados são água mineral, remédios (em especial analgésicos), material de limpeza (principalmente água sanitária), material de higiene pessoal (sendo barbeador descartável, papel higiênico, absorvente, sabonete, pasta e escova de dentes, os mais necessários) e alimentos não-perecíveis. Também no setor de saúde são necessários doadores de sangue e profissionais de saúde voluntários.
Andréia Gripp
Renata Rodrigues
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