01/03/2009

8 de março: Dia Internacional da Mulher. Por quê?

Transformando e edificando o fio da história
Por Edemir Antunes Filho e Luiz Carlos Ramos

Lá estavam elas, ao som dos teares,
tecendo com fio lilás os tecidos que deveriam vestir
e aquecer outros corpos - roupas que elas mesmas jamais vestiriam.
Já próximas ao limite de suas forças,
exaustas pelas 16 horas de lida diária,
as operárias ainda encontravam ânimo
para socorrer companheiras que se esvaiam tuberculosas;
para saudar crianças recém-nascidas
que saltavam pra dentro da vida
ali mesmo, sob os teares;
e para chorar as envelhecidas jovens
que aos 30 anos agonizavam
em seus postos e se despediam de sua breve vida.

Entretanto, embaladas pelo ritmo das máquinas,
e com o colo molhado pelas lágrimas,
gestam sonhos de esperanças:
salários dignos, melhores condições de saúde,
jornada de trabalho
que lhes permitisse abraçar
mais longamente suas crianças,
beijar mais ternamente seus maridos
e saborear um pouco mais a comunhão
à mesa na simplicidade dos seus lares.

Contagiadas por esse sonho,
foram compartilha-lo com o patrão.
Mas o patrão, indignado com tamanho absurdo
julgou ser este um caso de polícia
e resolveu transformar aquele sonho divino
em um pesadelo infernal.

No dia 8 de março de 1857
as portas da fábrica Cotton de Nova York foram trancadas
e o edifício transformado em um grande crematório
onde 129 mulheres foram sacrificadas.
mas a fumaça daquele holocausto espalhou-se por todo lugar
Levando consigo o sonho daquelas mulheres,
Contagiando e sensibilizando pessoas em todo o mundo
Que se encarregaram de tornar realidade aquele ideal.
Mártires cremadas, fios lilases,
gestantes de um mundo melhor
inspiraram Clara Zetkin, a propor,
durante o Congresso Internacional de Mulheres, realizado na Noruega, em 1910,
A instituição do Dia Internacional da Mulher.
Desde então, a cada 8 de março,
mulheres e homens reafirmam sua tarefa.
como tecelãs de uma nova história.

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